A inspiração pela medicina veio da minha avó, uma verdadeira desbravadora, sendo uma das primeiras mulheres a se formar médica no Paraná. Ela me mostrou que a medicina não é só sobre diagnósticos e tratamentos, é sobre contar histórias através da ciência.

Formei-me em Medicina pela Universidade Federal do Paraná em 1995 e escolhi me especializar em algo aparentemente distante da conexão humana: a anatomia patológica. Mas nesse período um evento pessoal me levou a entender o poder emocional de um diagnóstico: quando meu pai foi diagnosticado com câncer de próstata, vi de perto como a doença pode mudar uma narrativa familiar. Naquela época a doença não era tão conhecida como hoje e os tratamentos existentes não eram tão desenvolvidos, mas trazê-lo para Curitiba para o tratamento foi como reescrever um capítulo angustiante com esperança.

O sucesso do tratamento de meu pai, que veio a falecer 15 anos depois sem sinais do câncer, foi um divisor de águas pessoal e profissional. Isso me fez perceber que meu trabalho não era só sobre frias análises de lâminas; era sobre compreender a história completa do paciente e como cada detalhe poderia impactar o próximo passo da narrativa médica.

Essa experiência me ligou profundamente à patologia urológica. Durante meu mestrado e doutorado, imersa no ambiente do Hospital de Clínicas da UFPR, fui acolhida em um mundo onde a patologia e a prática médica se entrelaçavam. Aprendi que um diagnóstico preciso nasce da colaboração, da compreensão clínica e, acima de tudo, do contato humano: pequenos detalhes em um laudo, numa conversa com o paciente ou com outros médicos envolvidos podem moldar significativamente as decisões sobre o curso de tratamento e ajustar as linhas da história que escrevemos juntos.

Escolhi, então, uma abordagem inovadora na patologia. Não bastava apenas olhar através do microscópio e escrever laudos. Era necessário mergulhar na complexidade da clínica, entender exames e criar uma ligação genuína com cada paciente. No nosso laboratório, cada pedaço de tecido é tratado com atenção meticulosa, refletindo um compromisso firme de fornecer não apenas precisão científica, mas um cuidado compassivo e centrado no paciente. E dessa forma garantimos que, na narrativa da medicina, o paciente seja sempre o protagonista.